(“O Silêncio das Flores”)
- A ensurdecedora necessidade, vem dali!
- Seu inebriante aroma vem das flores!
- Há espaço pra passarmos?
- Sim, eu rumo ao teto. Dá-me carona?
- Sim, mas, vejo desvio ali, o que inviabiliza minha carona à você, rumo a seu destino?
- Sim, o que fecha o lado direito, à sua passagem, agora e por mais duas horas. Aguardamos?
- Não há outra alternativa, pois o lado esquerdo já está fechado em definitivo.
- Por quê!?
- Há um desvio à esquerda.
- Do que?
- Da parede que separa um lado de outro, à passagem.
- Nasceu assim?
- Ele é primogênito.
- Como sabe?
- Ouço conversa o ano todo.
- Só venho aqui na primavera.
- Sim, eu só dou carona, nessa estação, pro cê.
- Parto normal?
- Sim. O canal está, nesse parto se primeiro filho, estreito.
- Por isso!?
- Desencavalado septo, este a dividir o nariz em duas narinas. Fica uma parede amassada, pelo osso coccígeo da mãe dele, ao rodar ali, em tal passagem.
- Você assiste parto?
- Estou por aí, principalmente na respiração de cachorrinho, quando sou muito requisitado.
- Nessa ausente alternância, entre narinas pra sua passagem, o que acontece?
- Você é, pro olfato dele, uma função silenciosa. Mas eu gero, outra, ruidosa!
- Qual?
- A respiratória.
- Quando?
- Por duas horas em cada passagem, pela boca ao vibrar a úvula, pelo palato mole dele.
- Eu venho das flores, e copio o silêncio delas!
- Sim, mas eu faço ruído, durante a apneia do sono, ao receber quase um tapa, da mucosa seca, na garganta dele.
- Mas, você gera, sem entrar ali, uma fisionomia leve, que vejo no dono do nariz. Seu carinho à pele.
- O bulbo olfatório dele está, íntegro, à sua espera.
- É meu destino!
rrr./
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