PESCADOR CAIÇARA, NA FORTALEZA
DO MAR SELVAGEM.
Fica olhando
rememorando,
tua atenção
libera entrada a
Zumbi.
Aportado
debruçado nas
águas.
Belicoso,
amadurecido.
Resignado?
Revisitado e
aculturado.
Garanta
resplendor
à navegação,
Desperta
elementos
diametrais,
essências
sangradas.
Agora
nutre
teu ouvir em
silêncio.
ALMA CAIÇARA,
EM
PRAIA SELVAGEM.
Vi quem habita sua
alma, / onde ao lado quis minha morada fazer, /coube a você decidir / e a mim
aos sentimentos obedecer. / A maciez de minhas intenções / beijou de olhos
fechados / seu reticente sentimento, / agora numa direção / do néctar caudaloso
/ que norteia voo de beija-flor, / e dá descanso ao rastejar de rapina / por
mero aconchego / em meio à praia deserta / até ali sem sombra.
MANGUEZAL
DO MAR SELVAGEM.
Na mudança de postura
Troquei a moldura.
Pavimentei nosso jardim
Desapareceu o jasmim.
Esse novo caminhar
faz-me repensar.
Na quebra do asfalto
mangue enfraquece o salto.
A culpa do muro
é nenhuma no escuro.
No aroma da flor alheia
ouvi apenas canto de sereia.
PRAIA GUARANI
DO MAR SELVAGEM.
O dia me é / boa
manhã ensolarada / na praia hoje / com pequeno ao chão / tão pequeno fui / a
memória praia / me acompanha, / no baixar de cabeça / pequeno foco / concretude
norte abstraída, / …intrépido poema / num querido convívio. / Como me atrai / contraste
semente / praia útero / onde pequenos criam, / sinto a força com pequeno aos
braços / e na volta caminhante /do só trabalho / areia fofa e peso às costas, /
…qual o que leveza sustentável / demarcada em pegadas / na maciez de suas areias
/ nuances vivenciam querer estímulo, / ator e cenário fundem / contemporâneo e
passado / longe do anacronismo o amanhã. / Todavia me é bom anoitecer enluarado
/ mesmo só retorno / elas em mim virão memórias erguidas / enquanto olhar o
ainda / distante horizonte.
MAR SELVAGEM – FERRAMENTA.
Fazer acontecer: solidarizar-se num plano,
Ao evitar o urgir de demanda que humilha:
na ausente ferramenta.
Está aí a chance de ser,
no ato disponível,
num contínuo acontecer.
Se há complexo de Édipo saciado,
possuir a terra terá sido apenas um evento:
faça-se programa sustentável.
Bah, Chê:
social da beira da baia,
fórum mundo afora.
Gana tem de recebê-lo;,
no meu limite geográfico e político,
num encontro testemunho.
O gen me fez humano,
todavia assisto, meio animal,
ao termômetro planeta.
Caiçara é meu mano,
ouvidos de Capistrano,
Arns como meu maná,
Bonifácio a me articular.
Caiçara como meus pés,
Zwarg sem viés,
tal Chico defendo floresta,
pra hoje fazer a festa.
O Chico Mendes é mantra:
de vegetação cobriu
solo mãe gentil,
poxa… , que Brasil!
A mãe Zilda Arns,
com a multimistura,
representa a ternura:
criança sem paura.
Desde Itanhaém, do Zwarg,
boa nota nos boletins:
afastou a nuclear
da Juréia-Itatins.
Com o Capistrano Filho:
Casa Anchieta no trilho;
viu pai na cadeia velha e
mãe discursando matéria.
Já José Bonifácio
levou república ao palácio:
mesmo monarquista,
projetou democrata santista.
POETA CAIÇARA
EM MAR SELVAGEM.
O Poeta faz marisco
uma ostra virar,
pra com pérola poder
o sertão virar mar.
Caiçara à pesca,
pra com riqueza cruzar,
que o rumo mude:
pro horizonte mirar.
Do caiçara um arco
azul do manto,
a bom bordo barco
cubra o campo…
Cisco no olho zangão
lacrimejará
pra fluir o mel
onde velejará.
O caiçara traz marisco,
uma ostra virá
pra com pérola poder
sertão virar mar.
Versos de Ricardo R. Roque,
que…
Maré enchente
a bebê-la,
na vazante
sim, a comê-la.
Uma conquista
se mais lenta,
Intimista
a amamenta.
Em um nadar
não tão ébrio
ao gestar
aporta o brio.
Falar sem grita
ela domina,
é bendita,
brinca, oh menina!
ANTROPOFAGIA DO
MAR SELVAGEM.
Vou tratar minha cidade:
como minha querida mulher.
Percorrer suas curvas
até seus pés descalços:
como Peruíbe e Itanhaém.
Sem fazer de conta que só tenha cabeça:
como Santos,
onde cresçam cabelos:
como prédios.
Desobstruir artéria:
como sua antiga via férrea,
que me leve ao seu coração:
como São Vicente.
Permitir-me passar por seus seios:
como Mongaguá e Praia Grande,
faça, me perder, em seus braços:
como Bertioga e Guarujá,
e beijar sua boca voraz: