("A Noite Naquela Estranha cidade")
O querer estar, em ousadia, à noite naquela estranha cidade, à espera desde aquela manhã, para comprar um peixe e, assim, alimentar o filho.
- Pescou algum peixe, Bio?
- A pesca tá cada vez mais rara, Tatao. Peixe menor, a cada mergulho, em profundidade maior. Dá-se mais corda, do arpão à boia, se comparada àquela de Vincenzo, em precursora arte.
Ao entardecer Maria ainda aguardava o peixe para seu filho. Mulher caiçara percorre a alinhada terra e alude, como quem nutre hábitat, indissociável, tão indomitamente. De Iracy escuta a língua Guarani, ancestral indígena de natural cultura, em conversa. As duas se unem à Jacirema, africana, a amiga em comum. Olham Dolores, portuguesa. Juntas ostentam união transparente. Quase em romaria rumam à religiosidade do saber amorizado.
Presentificado convite caiçara à pesca. Demandada fome desde o raiar do dia. Em cada independente canoa há busca, em concomitantes remadas, que dista de colonizador folclore. Resistente cultura, vivificadora da Mata Atlântica, flutua em maresia, na brisa do Oceano Atlântico. A água se despeja na baia de Santos. Embala o habitante em tal conteúdo, ali compartilhado. Ao lado de outros pescadores caiçaras, permanece eternizado. O contexto próprio é lançado em coletiva rede.
Preparo de isca, arpão e rede. Seus poéticos manifestos. Estratégia protege. Nutre o pequeno peixe. Cresce em nicho, e enche a mesa da diversidade, cultural.
rrr./
Nenhum comentário:
Postar um comentário