quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A Três Braçadas de Camus.


A Queda.
  - Tão baixo está nosso avião quanto as águas daquele canal, que apontam a praia!
 - Até acabei de ver a estátua do Padre Voador,  Bartolomeu de Gusmão, o seu predecessor.
  - Eu sempre piloto em obediência à ordem, natural, das coisas.
  - Parabéns.
  Mancha no azul do céu - galho com algodão rabisca de branco.


Há condicionado ar...
numa bolha em seu céu
é vencida a turbulência -
só há nuvens carregadas
pra aquele ao lado, sentado.
 
Secura o faz piscar,
saliva umedece lábios,
em estalos inaudíveis...
passos ecoam, no vazio
dalma, à altura se projetam.

 Buuuuuuuuuuuummmmm...!!!!!!!!!!!!!!!!!

 

A Fome.
  - Ah... os dentes dele, postiços, saíram!
  - Cuidado com a pata...!
  - Você - pai, não viu seu filho perder o braço?
  Gira na mão, movido à correria - vermelho catavento.
  - Não... Eu estava com olhos cheios de lágrimas, de alegria agora frustrada, desde a primeira investida do tigre, naquela jaula.



O Topo.
    Tudo e todos apoiados naquele palmilhado chão, agora breu, daquele quase cego.
  - Como você anda e não cai daqui de cima...!?
  - O tempo... sem vento, me ajuda.
  - Bom dia, então... por onde passa, pra sair?
 - Indo em direção à cerca, recém consertada, de bambu.
  - Onde fica?
  - Lá... de onde eu vim.

   Cachos pendem... eleva-se o olhar - florida Sálvia.
  Com habilidade rodopia o cajado, que para, próximo à face de seus atônitos interlocutores... a afiada lâmina da foice aponta.
  Morro - tão vivo, do Itararé... topo quase celeste.
 
A Três Braçadas de Camus - prosas, de Ricardo Rutigliano Roque, no link: http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2014/09/a-tres-bracadas-de-camus.html . 

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