domingo, 17 de setembro de 2017

A Garrafa Reflete o Jogo.


É no ínfimo que eu vejo a exuberância – Manoel de Barros, em Livro sobre Nada.

   - Encimo cachimbo, tal qual minha fábrica a chaminé! 
   - Ambas nuvens de fumaça o encobre!
   - Mão jogadora só a sua aparece!
   - Minha garrafa a reflete?
   - O vidro convexo a expõe.
   - Você antecipa meu descarte?
   - Prefiro sorver seu conteúdo, servido em taças!
   - A cor de vinho tinto é a do meu sangue.
   - Flui para se saborear.
   - O que cai ao chão é o que resta aos meus!
   - Minha cartola me protege, sua avistada mortalha.
   - Meu chapéu claro o ilumina.
   - Avisto do alto de minha ereta coluna.
   - Já a minha sinto curvada.
   - Ninguém nos olha!
   - Meu abandono o protege.
   - Sua exuberância capitula sob meu jugo!
   - Seu jugo é meu jogo.
   - Se eu julgo, você joga?
   - Obedeço!

Os Jogadores de Cartas, de Paul Cézanne, serve de argumento a esse conto - https://g.co/kgs/tqochp . 

Nenhum comentário:

Postar um comentário