O Morro Vai à Praia - poema sujo.

É no raso que a superfície permeia
mais escura água, refletindo o azul,
não dela, mas sim do céu que a encubra,
ao correr pra longe do que a castiga
em busca de descanso seu merecido
até abraçar o mar com mais esperança.

A política pública sobe o morro,
com máquina cava a terra e põe manilha...
boca suficiente na porta da casa
pra receber sua água já tão servida,
mas conta do final do mês sobe o morro -
conectar dá valor maior pra pagar,
o morador prefere ficar parado.

No conforto, se iguala a uma política
pública inercial... é inoperante -
há fossa séptica em morro que capta
mas transborda com água de nossa chuva,
com ela desce por simples gravidade
quando desemboca nos canais e praia...
assim contaminada ela ficará.

Um culto à escatologia sobe o morro,
política pública fica parada,
água sem peixe... desnecessário seivar,
pescar ou oferecer matéria orgânica
ao manguezal inexistente, aterrado
pra fazer cais de porto, pois fica mar
sem maternidade pra seus alevinos.
 

  Autor: Ricardo Rutigliano Roque, no link: http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2013/07/o-morro-vai-praia.html .